Conversando com uma pessoa recentemente, ela expressou sua preocupação com um familiar bem acima do peso, a quem a cirurgia bariátrica foi recomendada e a pessoa está hesitando em decidir por operar.
Como gastroplatizada há mais de 05 anos e com um histórico considerado bem sucedido pelos médicos, acho importante trazer minhas percepçoes sobre esse tema.
Dados sobre o meu processo:
Data da Cirurgia: 13/out/2016
Método: Bypass
Peso Inicial: 106kg
Menor Peso pós cirurgia: 65kg
Maior peso pós cirurgia: 75kg (reganho de 10kg entre 2018 e 2021)
Peso Atual: 67kg
Plásticas Reparadoras: Nao fiz.

Eu hoje entendo a obesidade como UM SINTOMA de várias questões físicas e emocionais que precisam ser identificadas e tratadas. Sem tratar os aspectos mentais/emocionais da pessoa, o processo bariátrico (prefiro chamar assim) pode não atingir todo o seu potencial de sucesso, e inclusive pode potencializar alguns problemas, como compulsões que migram da comida para outras coisas como bebidas, compras, para dar somente um exemplo.
O que chamamos comumente de Cirurgia Bariátrica não é somente a cirurgia em si. O ato cirúrgico leva 1 hora no máximo (a minha durou 40min), mas as consequências dele vão perdurar até o último dia da minha vida.
Fazer a cirurgia bariatrica significou me comprometer com uma nova forma de viver a vida, e me relacionar com a vida sem usar a comida como escape. .NAO É SIMPLES, mas existe ajuda e ferramentas para se ter sucesso nessa jornada.
Eu tinha MUITOS medos e crenças relacionados ao que podia acontecer comigo depois de operar. Listei TODAS as minhas dúvidas e levei para o cirurgião e a psicóloga da equipe da cirurgia, conversamos sobre cada uma, para que eu entrasse na sala de cirurgia pronta para o processo.
Outra coisa que fiz, foi conversar com muitas pessoas que eu sabia que havia operado, e entender como foi o processo deles, e o que eles fariam diferente, caso pudessem. Ouvir as histórias de quem já estava na jornada fez muita diferença para mim.
Além de ter o peso/altura clinicamente indicado para a cirurgia, e as comorbidades que justificam, precisei ser aprovada por uma EQUIPE MULTIDISCIPLINAR que envolve no minimo o cirurgião, um endocrinologista, uma nutricionista e um psicólogo. No meu caso envolveu também um cardiologista.
Também precisei ENTENDER tudo que estava envolvido com o meu pós-cirúrgico e me COMPROMETER em fazer o que seria necessário:
- Manter as consultas com a equipe
- Fazer exames regulamente
- Tomar suplementos vitaminicos diariamente POR TODA A VIDA
- Manter uma alimentação tão correta quanto possivel
- No meu caso eu tirei TOTALMENTE da minha vida refrigerante (mesmo os diet/light) e cerveja.
- Os demais alimentos como com moderação e priorizando proteinas e vegetais. Mas como meu docinho e tomo meus vinhos rs
- Criar e manter uma rotina de atividade fisica, 3x por semana no mínimo
- Eu ja malhava há muitos anos desde antes de operar, e mantive o ritmo depois, parando somente quando as academias fecharam no auge da pandemia.
- Controlar o stress,
- Aqui, o trabalho tem sido em melhorar a qualidade do sono, a mudar o equilibrio vida/trabalho e reavaliar minha forma de lidar com tudo que me rodeia.
- Manter acompanhamento psicológico
- Já tinha acompanhamento antes de operar, sigo tendo depois.
Infelizmente a maior parte das pessoas que operaram e tiveram reganho significativo de peso, deixaram alguns desses itens de lado, por diversos motivos.
REGANHO DE PESO FAZ PARTE. Eu cheguei a engordar 10kg, dos quais já emagreci 8kg. Por que fiz as correções que precisava na minha rotina. Porque tenho um compromisso COMIGO de não deixar o excesso de peso me alcançar novamente e comprometer a minha qualidade de vida, como antes.
NAO TEM JOGO GANHO. A bariátrica nao me tornou IMUNE a engordar novamente e o trabalho de me manter dentro do que me propus, é diário, eterno e 100% meu. E eu encontrei uma forma PRAZEROSA de cuidar de mim e do que preciso fazer.
PARA MIM, a cirurgia foi o melhor investimento para a minha saúde. Mas eu levei muitos anos para decidir operar. A primeira recomendação veio em 2010, eu procurei o primeiro cirurgião para falar sobre o assunto em 2012. e eu só operei em 2016 , QUANDO ME SENTI PRONTA para encarar.
E entre 2010 e 2016 foram inúmeras as tentativas de vencer a obesidade sem cirurgia. Quando tomei a decisão de operar, eu tinha duas certezas:
1 – Eu já tinha feito tudo o que podia e conhecia até então para vencer a obesidade sem cirurgia, sem sucesso. E não fazia sentido não tentar o processo bariátrico. Decidir operar, nao era uma demonstração de um fracasso meu. Mas uma nova forma de travar uma batalha que começou na minha vida com 8 anos de idade – e eu já estava com 43 anos, quando decidi operar.
2 – Minha saúde não podia mais esperar – já era hipertensa, estava pré-diabética, e descobri outras co-morbidades que podiam comprometer seriamente a qualidade dos meus próximos anos de vida.
Baseada na minha experiencia pessoal, eu digo – se você entrar no processo com a mentalidade correta, e com uma boa equipe médica, seu processo tem tudo para ser bem sucedido. Informe-se e tome a melhor decisão para sua própria situação.
OPERANDO OU NAO, não descuide da sua saúde. Faça exames regularmente, esteja atenta a sua saúde física e emocional. Esse corpo é tudo que a gente tem para seguir nessa vida, e ele precisa estar bem pra realizarmos nossos sonhos.
Se você pensa em fazer a cirurgia, converse com quem já operou, consulte médicos e especialistas.
Tire suas dúvidas e tome a melhor decisão. Já conversei com inúmeras pessoas sobre o tema e se você quiser conversar sobre, terei prazer em ajudar.
Com ou sem cirurgia, Decida ser saudável, por dentro e por fora, seja lá o que isso significar para você.